sábado, fevereiro 03, 2007




Novo presidente da Câmara

Entrevistado no BDBrasil, Arlindo Chinaglia, o presidente da Câmara, em ótima forma, enquadra e e colaca a entrevistadora Cláudia Bomtempo a em uma bela e merecida saia justa.

Um dia após as eleições na Câmara dos Deputados, o presidente eleito, Arlindo Chinaglia (PT-SP), fala sobre a disputa acirrada. Entre outros assuntos, comenta a proposta de reajuste de 92% dos salários dos parlamentares.


///


Assista o vídeo da entrevista:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM631710-7823-ARLINDO+CHINAGLIA+FALA+COMO+PRESIDENTE+DA+CAMARA,00.html


///


Bom Dia Brasil – Ainda como candidato, o senhor foi o único que defendeu o aumento de 92% dos salários dos parlamentares e também a equiparação com os salários do Supremo Tribunal Federal. O senhor vai manter essa promessa, levar adiante, como presidente da Câmara?

Arlindo Chianglia – Primeiro, uma correção. Não é verdade que eu defendi o aumento de 92% durante a campanha. O que ocorreu é que o presidente Aldo [Rebelo, do PCdoB] e o presidente [do Senado] Renan [Calheiros] deixaram para levar essa proposta aos líderes no meio da disputa eleitoral. Eu fui o penúltimo líder a opinar. Ali, todos, exceto do PT e do P-Sol falaram a favor. Portanto, era uma disputa eleitoral. Quando eu fui entrevistado pela “Folha de São Paulo”, disse que era a favor do reajuste. Depois de várias insistências – quatro perguntas, que eram a mesma – eu disse que se o caminho for a equiparação, eu serei a favor. Mas, já durante a campanha - eu inclusive deixei isso por escrito no meu programa – disse que a maioria, a partir da minha proposta, seria pela reposição da inflação. É o que vai ser feito. A discussão dentro do teto é outra.

BDB - Então, está enterrada a idéia de equiparação com os salários do Supremo?

Chianglia – Não está encerrada. Eu falei do teto. O teto foi a conquista da Constituição de 1988, porque é ele que impede aposentadorias e salários do serviço público de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil. Acho que temos que chamar atenção para isso em primeiro lugar. Em segundo lugar, os poderes têm independência e harmonia. O mais correto é um ministro do Supremo ganhar praticamente três vezes o que ganha o presidente da República. Então, agora, vamos levar a discussão para os outros poderes. Há uma opinião no Congresso, da qual eu partilho, que o teto deva ser o salário do deputado e do senador. Por que? Ninguém sabe, na sociedade, de maneira geral, quanto ganha um juiz, quanto ganha um ministro do TCU, quanto ganham determinados setores do serviço público.

Cláudia - Na prática, isso é um aumento de 92%.

Chináglia - Essa é a sua visão. Quando eu digo que deva ser o teto do Legislativo, eu não disse que seria o valor. Você está se antecipando. O que eu estou dizendo é que, se houver um teto único, ele será acompanhado pela sociedade. Por exemplo, você sabe quanto ganha um juiz em início de carreira no Brasil inteiro?

Cláudia - Essa não é a questão agora...

Chináglia - Eu estou te usando para provar que, nem você que é uma pessoa bem informada, sabe quanto é o salário, digamos de 25 mil servidores do país. É uma prova de que, se fosse o teto o valor do salário de deputados e senadores, todos saberiam. Portanto, é um controle da sociedade. É uma discussão que deve sair desse senso comum que, na minha opinião, trabalha contra a democracia, na medida que desrespeita quem é o representante popular. Acho que isso tem que ser tratado com mais seriedade.


BDB - No seu discurso, o senhor fez uma manifestação preocupante. O senhor disse que aceita críticas, mas que algumas críticas não serão aceitas. Tem aí alguma censura?

Chianglia – Não. Não existe como não aceitar críticas. O que eu disse foi outra coisa. Eu disse que nós não podemos agir passivamente quando há uma crítica injusta. Exemplo: durante o episódio das sanguessugas, vários parlamentares foram denunciados sem provas. Depois, foi confirmado que não tinham nenhuma responsabilidade e, nessa circunstancia, lá tem a Procuradoria. Acho que a Procuradoria tem que fazer a defesa do parlamentar, porque é a honra dele, a história, a família dele que é atingida. Não sei se alguém acha isso justo.

BDB - Já que o senhor falou em sanguessugas, no seu discurso o senhor não mencionou sanguessugas, mensaleiros ou Severino Cavalcanti. O senhor chegou a falar em virar a página. Mas também falou em recuperação da autoridade da Câmara. Não se recupera autoridade só com respeito? Para ser respeitada, a Câmara não tem que tocar nas suas mazelas?

Chianglia – É evidente. Agora, você quando está disputando uma eleição, você escolhe o que vai falar. Você está disputando uma eleição. Então, não creio que seja obrigatório, no discurso que cada um faz a todo momento, recuperar somente as mazelas.

BDB - O senhor não podia perder votos de sanguessugas...

Chianglia – Eu estou dizendo que, ali, você tem um objetivo. O objetivo era valorizar a Casa. Eu disse mais. Disse que tinha que virar a página, porque não é possível que sejam só essas perguntas que nós temos que responder. Na verdade, quando houve a identificação do problema, está em curso Ministério Público, polícia, Judiciário, inclusive processos na Câmara. É para isso que eu chamo a atenção. Creio que o poder é maior que as pessoas. Toda vez que alguém conspira contra o Parlamento em qualquer parte do mundo, está conspirando contra a democracia. Essa é a minha tese. Foi isso que eu defendi e vou continuar defendendo.

BDB - Esse apoio que o senhor recebeu de parlamentares envolvidos com o mensalão na legislatura passada o constrangeu?

Chianglia – Eu não sei exatamente quais foram os que estavam envolvidos...
Há vários petistas...
Até porque em algumas bancadas a votação era secreta e eu tinha votos, Aldo tinha votos, o Fruet tinha votos. Havia também pessoas ligadas a outras candidaturas que você poderia atribuir esse tipo de vínculo. Juscelino, quando foi questionado se não se incomodava com o apoio dos comunistas, ele respondeu: “Eu escolho em quem eu voto”. Ou seja, os deputados escolhem em quem votaram. Até porque, nessa lógica, se você for ficar recuperando o tempo todo que na legislatura passada alguém estava envolvido com qualquer problema, você iria concluir das duas uma: ou que eles não podiam ser candidatos e foram. Então, o erro estaria no Poder Judiciários. Segundo: depois de eleitos, você, eu, qualquer que seja, que autoridade tem para contestar a legitimidade do voto? Não temos.

BDB - Dos três candidatos, parece que só o de oposição mesmo – Gustavo Fruet – não se queixou mesmo da falta de apoio do presidente Lula. Ele ficou distante mesmo?

Chianglia – No meu caso, a maior dificuldade na minha campanha foi quando era noticiado que o presidente preferia o Aldo. Os deputados da base do governo, evidentemente, falavam “como vamos de acompanhar, se o presidente está contra?” A pergunta que mais se ouvia é se eu iria até o final. Eu ouvi essa pergunta, porque na eleição do Aldo, eu retirei a minha candidatura para apoiá-lo. Então, a conseqüência era essa – você não vai até o final. Eu passei um mês e meio dizendo que eu era candidato para valer.

BDB - O PMDB ajudou muito nessa decisão.

Chianglia – Claro. Ao final, quando o presidente disse que não tinha candidato é porque já havia, inclusive, toda uma construção com o PMDB, que foi decisiva, dado que o presidente poderia, por exemplo, estar sendo informado, por interessados – o Renan trabalhou durante a favor do Aldo – que o PMDB estaria com Aldo. Foi difícil.

///

In: http://bomdiabrasil.globo.com/Jornalismo/BDBR/0,,AA1442926-3686-631710,00.html

Video: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM631710-7823-ARLINDO+CHINAGLIA+FALA+COMO+PRESIDENTE+DA+CAMARA,00.html


///


Agora, é recompor a base governista.


Arlindo Chinaglia foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. O ex-presidente Aldo Rebelo, como havia prometido e como é de sua tradição, deu o bom combate, resistiu bravamente, merece nosso respeito. O governo e o presidente Lula saem fortalecidos. O PT também consolidou-se a coalizão PT-PMDB, ampliou-se a base do governo.


Não acredito que a coalizão sofrera fissuras com a derrota da aliança PSB-PC do B, da mesma forma que não aconteceria se tivesse havido uma derrota do PT. Houve apoios da oposição, tanto para Arlindo como para Aldo, como é da natureza de disputas nas casas legislativas, salvo algumas exceções. Isso não diminui a importância, para o PT, da eleição de Arlindo Chinaglia.


O processo de eleição das presidências da Câmara e do Senado e de suas mesas diretoras refletiu, mais uma vez, um PFL enfraquecido com o resultado eleitoral, derrotado no Senado,onde se isolou e, agora, dividido na eleição do novo líder na Câmara.


Um partido à espera de uma reforma e de uma bandeira. No caso do PSDB, suas divisões são evidentes, e se refletiram na disputa. FHC não conseguiu impor sua política, que, no passado, levou à eleição de Severino Cavalcanti e, depois, à derrota de Thomaz Nonô para Aldo Rebelo, graças a correta posição do PT de apóia-lo. Agora, predominaram os interesses regionais e os projeto para 2010, ou seja, os tucanos ainda não se encontraram depois da segunda derrota para Lula.


A chamada terceira via não existia. Era só a oposição, travestida com um discurso moralista, bem udenista, que se desmoralizou com o caso Jungmann. E, no final, conquistou 100 votos, que é o tamanho real da oposição na Câmara.


Agora, é unificar a base governista e dialogar com a oposição e os governadores para aprovar o PAC, fazer a reforma política, reiniciar a reforma tributária e avançar na agenda de micro reformas, dando ao país aquilo com o que nos comprometemos nas urnas.


enviada por Zé Dirceu


>>>