terça-feira, março 15, 2011

Altamiro Borges: Folha se curva para a visita de Obama

O editorial da Folha de hoje é mais uma prova cabal do “complexo de vira-lata” que impera na mídia brasileira. O jornal, que mais se parece uma sucursal rastaqüera do Departamento de Estado dos EUA, aproveita a visita de Barack Obama ao país para fustigar a política externa do governo Lula e para aconselhar Dilma Rousseff sobre a melhor forma de relacionamento com o império.

Por Altamiro Borges
“Depois do período de esfriamento nas relações entre Brasil e EUA, no segundo mandato de Lula, a visita de Barack Obama ao Brasil de Dilma Rousseff, sábado e domingo, oferece boa oportunidade para reconstituir uma agenda de cooperação bilateral. O aumento do intercâmbio comercial com os EUA deve ser uma prioridade brasileira”, recomenda o diário colonizado.
Servil diante do protecionismo ianque
Parece até que a pretensa retração no “intercâmbio comercial” é culpa do Brasil. O editorial não fala uma linha sobre a grave crise econômica que abala os EUA e que contaminou o restante da economia mundial. Também não critica a política protecionista dos EUA, onde vigora a tese do “façam o que eu falo, não façam o que eu faço”. Ele isenta o império e responsabiliza o Brasil.

A política externa altiva e ativa do governo Lula seria a vilã. “O país insiste há anos nos mesmos contenciosos - aço, carne, suco de laranja, álcool -, quando mais de 85% das importações dos EUA se encontram livres de restrições tarifárias e cotas”. Para o jornal, o Brasil até pode denunciar as barreiras à exportação do álcool brasileiro, “mas não deve fazer disso uma precondição”.
Defesa do “alinhamento automático”
Na prática, o jornal defende que o Brasil volte à política do "alinhamento automático" com os EUA, como era praticada por FHC. “Após o estranhamento dos últimos anos, em parte conseqüência de inclinações ideológicas da diplomacia brasileira, chegou a hora de encetar uma nova parceria estratégica. Será um bom teste para a noção de que Dilma Rousseff busca inflexão mais substancial na política externa”. Haja servilismo!